quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A casa de pensão

Esta poesia escrevi no ano de 2004, quando passava algumas dificuldades impostas pela vida.

A casa de pensão
Não vejo meu pai
Nem meus pés
Os devaneios todos acorrentados em cordinhas de varal
Eu vivo no último bastião
No meio do peito uma solidão a me torturar
O chão repleto de coisas
Neste mesmo chão uma antípoda desejando-me saída
Não saio
As portas se abrem
Abrem-me
Águas para todos os tamanhos de meu corpo
Pobreza dividida
Miseráveis migalhas
Miseráveis que somos todos
Nos olhos vejo arrastar-se uma intifada
E meus gritos de socorro
Inúteis
O velho, o comandante e seus tangos
Falou, me disse:
É a casa de todos
É a casa de um qualquer
É a minha casa
A casa de pensão