sexta-feira, 11 de março de 2016

Rita de Cássia uma contadora de histórias


 No dia treze houve um pouco de tudo, o General Costa e silva viajou ao Japão, Pelé também era garoto propaganda dos Dropes Ducora, enquanto via o rebento de sua filha Kelly Christina.
 E mais, Índia, Canadá e Polônia estudavam a paz no sofrido Vietnã, o passe futebolístico do grande Garrincha estava à venda, o possível local de sepultamento do mestre Jesus em Jerusalém estava em obras, o cruzeiro estava no céu quanto na moeda brasileira, MEC liberava quinze bilhões e trezentos milhões de Cruzeiros para educação nos Estados, e por falar em economia, um dólar equivalia a dois mil e duzentos e treze cruzeiros, ou seja, pouco mudou. Maria Della Costa voltava ao seu teatro como comediante, o jornal a Folha de São Paulo chegava a sua edição número treze mil e setecentos e vinte e cinco e a temperatura era agradável, não chovia e oscilava entre dezessete a vinte e sete graus.
 Neste mesmo dia treze, também aconteceu um fato importante para uma família pobre chegada a pouco tempo do nordeste brasileiro, nascia sua filha de número quatro, Rita de Cássia dos Santos. Nasceu na cidade de São Paulo no mês de Janeiro de um mil e novecentos e sessenta e sete, na antiga maternidade Nossa Senhora da Conceição no bairro do Brás, mais conhecida como Hospital Vinte e Um de Abril, nome da mesma rua de sua fundação, hoje já extinta, a rua permanece por lá! Penso que os hospitais e as escolas jamais deveriam encerrar suas funções. Filha de Francisco e Iraci, assim que nasceu prematura em decorrência de uma depressão que sua mãe vivia, já que perdera o pai para um enfarto sete dias antes. Durante o parto Rita foi arrancada a fórceps e teve sua Clavícula quebrada, depois de alguns dias internada, chegou a sua casa no bairro de Itaquera toda enfaixada, as irmãs curiosas queriam lhe cuidar, porem sua tia Maria Helena se apaixonou por ela e não permitiu que as irmãs lhe tomassem no colo, Maria Helena o fez e mais , presenteou, lhe forneceu tudo de que necessitava e esteve do lado da menina, enquanto a mãe recuperava-se. Esse carinho seguiu-se até a morte de Maria Helena há alguns anos atrás.
 Rita Cresceu, estudou em escola pública, quando de férias das aulas, ela e o irmão caçula junto com funcionários lavavam todas as salas de aula sem receberem nada por aquilo, apenas como gratidão de poderem frequentar as cadeiras de ensino. Ao quatorze anos iniciou-se no trabalho, casou-se e teve um filho, ao qual deu-lhe o nome de Roger Alexander. Cursou ensino superior em letras e se bacharelou, conheceu o mundo em cada férias que tirava do serviço, e esteve em Abaetetuba, Paris, Londres, Lisboa, Maceió, Rio de Janeiro, Tiradentes, Berna, Bento Gonçalves, ... E por fim no ano de dois mil e quinze realizou um grande sonho fez sua pós-graduação em “A arte de contar Histórias com abordagens filosóficas, literárias e performáticas”. E no dia trinta de novembro de dois mil e quinze, Rita de Cássia alcançou o seu objetivo, se formou novamente e, em uma noite cercada por seus orientadores, amigos, as irmãs que a viram enfaixada em seu nascimento e do irmão que ainda não havia nascido no ano de sessenta e sete, fez o mais belo, contou suas histórias, que nos chegaram aos olhos de forma gratuita e bela.
 Hoje entre o trabalho no Cine SESC e suas viagens, inovou-se com seu ócio criativo, conta suas belas histórias aos moradores de rua e aos frágeis pacientes do Hospital público Professor Doutor Waldomiro de Paula em Itaquera, como todo trabalhador tem sua ferramenta, Rita de Cássia também tem a sua, a Bíblia sagrada e distribuí a eles as palavras em forma de histórias, atitude gentil, celebre coragem e coração, é isso.