terça-feira, 29 de março de 2016

Minha grande lição

   A manhã de sábado surgiu ensolarada, era o dia 5 de março de 2016 e, como sempre cheguei atrasado para a aula de filosofia, por sorte muitos se atrasaram também o professor.
   As aulas se seguiram, professor Fabio com a Filosofia e Professor Leonardo enfoca o livro de Jó, em seguida o devocional, o professor Vinicius usando palavras como navalhas precisas às dava sentidos no seu falar suave, após veio o almoço com os amigos e na sequencia o professor Emmanuel e suas aulas de história da igreja que nos faz voltar ao tempo dos pioneiros. Por fim entra em sala o professor Franklin Dantas descontraído e provocador como sempre e, é então que uma das mais belas aulas que já assisti se deu.
Havia uma discussão sobre ética em sala, se de fato Jesus o Cristo quanto lhe apresentaram uma mulher apanhada em adultério deveria ou não ser apedrejada como mandava a lei da Torá judaica. Alguns dos colegas diziam que Jesus não foi ético e outros afirmavam que sim, ele havia sido ético, e a discussão seguiu-se, até que o mestre levantou-se e dirigiu-se até o quadro na parede e ali começou a esboçar uma ideia da racionalidade de Jesus e o quanto ele fora ético e no meio das muitas palavras o professor Franklin começou a chorar.
   Os anos noventa também me marcaram de forma significativa, li um livro que jamais saiu do meu coração, A última grande lição de Mitch Albom. Narra o livro que Mitch no dia de sua formatura ao presentear seu velho professor Morrie Schawartz com uma pasta que continha as iniciativas do nome de seu mestre, Morrie passa a chorar copiosamente. E desde então esse livro me tatuou, não em decorrência das aulas de conversação que tiveram sobre a vida humana e suas realizações, mas pelas lágrimas do professor a seu aluno.
   Frequentei as cadeiras de ensino durante 47 anos, o antigo primário, o ginasial, o colégio onde tive excelentes professores, frequentei duas escolas militares pesadíssimas, um curso de instrumentador em cirurgias periodontais, dois cursos de enfermagem, bacharelei em jornalismo e sempre a pensar na cena de Mitch e seu professor Morrie a lacrimejar, nunca havia experimentado tamanha grandeza, mas a vida nos leva por caminhos inexplicáveis e, por fim hoje mais uma vez sentado na cadeira de ensino com todo prazer que me é possível, aprendo teologia em um curso de caráter superior, conheci o professor Franklin Dantas que me provocou, ensinou, e neste sábado inesquecível chorou e fez-me, a alma, também chorar, dizia ele com a voz embargada pelo momento: Jesus mandou que cumprissem a lei, mas decretou que atirasse a primeira pedra aquele que ali não tivesse pecado algum. Os malvados homens se retiraram um a um e nas palavras do professor Dantas, mesmo quando uma pessoa esta condenada à morte, Jesus encontra um meio de salvá-la da pena capital, que com um cuspe, um dos mais nojentos excrementos humanos ele dá visão ao cego. Inaudito e egrégio.
   Via meu mestre a explicar uma atitude tão bela de seu mestre maior e eu enfim, experimentei a tamanha grandeza e libertei-me do livro a Última grande lição, para escrever a minha própria história na rapidez dos meus dias e preencher um coração que necessita amar, este amor tão nobre do Cristo libertador.