sábado, 15 de novembro de 2008

A Incrível Viagem de Shackleton




Há pouco tempo li o livro "A incrível Viagem de Shackleton", uma história fantástica lida por Amyr Klink o grande navegador solitário, em sua infância e, que segundo ele lhe impressionou muito.

O livro narra a fascinante viagem de Shacketon, brilhante navegador que no verão de 1914 ao realizar uma expedição pelo continente antártico, vê sua embarcação "o Endurance", ficar preso nas geleiras e ser arrebentado por ela e após ganhar o fundo do mar gelado.

Através dos diários e entrevistas com alguns membros da expedição, o autor reconstrói os meses de ansiedade e trabalho duro que a tripulação do Endurance enfrentou. Com recursos escassos, seu desafio de sobrevivência era imenso. Em uma narrativa fascinante, ali é descrito como Shackleton conseguiu, após dois anos de início da viagem, que todos retornassem com vida para casa.


Vale a pena ler esta fantástica aventura nos mares gelados do fim do mundo. A incrível Viagem de Shackleton de Alfred Lansing, editora Sextante, 346 páginas. Fica registrado a dica.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Poesias


Ao ler as poesias de Márcia Matos, tive a sensação de estar de volta aos bons momentos da vida que passei. Escolhi entre as melhores, duas poesias para deixar registrado aqui no blog. Poetisa de extrema sensibilidade e garra com as palavras, tive a honra de conhecê-la pessoalmente. Segue então meu apreço.





Embarcação



Avisto na praia

O cão que me aguarda na areia



Com patas frias caminha no escuro da água

Longe de deuses e espinhos



As cabeças dos homens dispersam o ar

E temperam a terra



venho pelo mar, debaixo de estrelas

trago na mala ecos e objetos



Que foram embrulhados na véspera

Alguns deles se quebraram, outros resistem



A maresia tinge o ar dos pulmões

Mas não reluto contra a ferrugem da viagem



Aprecio a umidade nas mochilas

Eu mesmo sou muito úmido



O consaço me ascende um cigarro

E sento na outra ponta do barco



Nuvens carregam discussões

Que os homens não terminaram



transbordam as ruas e retornam ao mar

Até a luz do outro dia



Lanço a âncora no sal

E aguardo o fim da madrugada



Os cães sempre nos esperam

Molhados ou feridos





Nota de Viagem



Viajar é um estado de visitar pela primeira vez

o seu, ou o olhar de um outro

Quer num livro, numa tela ou nos ouvidos

Sem se apoiar em qualquer premissa

E tudo que não é viagem é hábito



Uma arrogância a solidão:

esse hábito de achar que se conhece tudo o que viu



Quando viajo à Bolivia

olho um homem boliviano

para contar aos amigos como ele é

E não é um boliviano, um homem que nasce na Bolívia

É um homem que eu parei para olhar

porque nunca o tinha olhado antes

com meus olhos não-bolivianos



Não olhar para os relógios

Nem insistir no previsível

Erguer o sol por entre os cílios

e delimitar o tamanho do vão até a porta

pelo desejo de ver a rua


Em viagem

a semana pode caber úmida numa caixa de figos

E a luz chegar primeiro que a fome

derramando suas sementes



O preço da gasolina sempre sobe

E em viagem é sempre melhor

andar a pé a economizar os hábitos,

ocupar das poltronas a parte ensolarada das janelas

já que a luz cochila os olhos viciados



Há prazer numa conversa anônima em fila de supermercado

E em viagem é bom esquecer os plásticos no balcão

e transportar nos braços a medida do que se pode carregar

Em viagem, a chuva inunda dentro da roupa o corpo recém-chegado

E ouve-se o trânsito parar no farol, enquanto cruzamos as paralelas







Márcia Matos nasceu em São Paulo (1978) e graduou-se em Psicologia. Cursou Psicanálise Lacaniana e por 4 anos trabalhou em ONGs, desenvolvendo projetos de arte-educação em escolas públicas. Cursou Criação Literária na AICinema-SP e hoje é assistente do curso.




quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Doando Vidas


Oxalá que todas as famílias tivessem a consciência de doar órgãos. Que as pessoas se firmassem em compromissos assumidos com essa causa, que bonito seria não enxergar mais filas e filas de espera por um órgão, que é tão vital para a vida.


Quando nosso corpo perde o fôlego da vida e já não produz mais a vitalidade para se manter vivo, as células automaticamente começam a falecer e os órgãos se vão pelo mesmo caminho e morrem. Se não forem aproveitados em outro semelhante apodreceram, não tendo mais serventia para nada. Algumas pessoas por pura ignorância acreditam que precisarão dos seus órgãos para entrar em outra vida após esta que reinamos. Asseguro-te que nós não precisaremos destes órgãos para entrar em um mundo espiritual, pois o próprio termo diz que os corpos são diferentes, o espiritual difere do material.

Portanto não seja tolo a ponto de sucumbir em crendices que não levam a nada, a não ser ao apodrecimento das células, então seja um campeão e doe seus órgãos Faça como eu avise seus familiares, amigos, no trabalho, na escola, que esta disposto a participar deste time vencedor de doadores, pois este colunista aqui, já é o primeiro a se candidatar, fica aqui meu registro. Quando uma pessoa doa seus órgãos, com a autorização dos familiares ou responsáveis, ele diretamente estará ajudando nove pessoas a terem uma perspectiva de vida melhor.


Já posso imaginar novos olhos em um ex-cego lerem um bom livro, ou mesmo a palavra de Deus nas escrituras, um coração batendo firme em um ex-dependente cardíaco apaixonado e emocionado ao ver um bom filme, pulmões a exalar oxigênio ao ver uma paisagem em uma tela, rins a filtrar nova vida em um corpo que não precisa mais de hemodiálise, um fígado aprovando um cálice de suco macio em um cidadão que sofria de cirrose, sem falar em um novo pâncreas a produzir insulina a um ex-diabético.

Não seja egoísta e permita que seu semelhante possa se deliciar com a vida, um bem de todos. Isso só depende de cada um de nós. Então faça parte desta equipe e distribua o que você tem de melhor, o amor que tens ao seu semelhante.



Leia o livro Ensaio sobre a cegueira do escritor José Saramago e, após assista o filme de Fernando Meirelles também chamado Ensaio sobre a cegueira, baseado no romance.
Eu recomendo.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A Penúltima Fronteira


Segue abaixo a crítica sobre meu livro "A Penúltima Fronteira", pela leitora Rita de Cássia, a qual chegou em minhas mãos e aqui vai como no original.

A Penúltima Fronteira

Segundo livro do escritor Roberto Marcelo, A Penúltima Fronteira narra a epopéia de Pietro espanhol de nascimento que vai atrás da cura da mulher amada.

Escritor de extrema sensibilidade, Roberto Marcelo romancista e poeta vai nos envolvendo com as aventuras heróicas de Pietro que nos leva a Roma, Grécia e Jerusálem. Com ousadia o escritor narra um dos momentos mais belos da história: a Ressurreiçao de Lázaro e sobre a trajetória do povo judeu até o maior homem que já existiu: Jesus Cristo.

A hitória dialoga com o belíssimo filme "O Piano" com direção de Jane Campion, quando Pietro sabe que sua querida Mariahn teve um dos dedos cortados pelo pai dela. Nesse momento a dor de Mariahn é a mesma dor e humilhação de Ada, protagonista do filme. Outro episódio é o que nos remete ao filme "Mestre dos Mares" com o talentoso ator Russell Crowe, sobre o tribuno Espúrio Levinio, comandante da embarcação que leva Pietro de volta para a Espanha: "...Sua vida era o mar, o mar o seu trabalho, o trabalho o seu amor e o amor à propria vida que saía das narinas a se misturar com o ar dos outros. Sim este era Espúrio Levinio, um, tribuno romano vestido com elegância em seu barco veloz e que pensava muito à frente de seu tempo..." O capitão do filme Mestre dos Mares "e o tribuno" nutrem o mesmo amor pelos oceanos.

É impossível não entrar na história e junto com Pietro viajar pelo mar sem fim e culturas tão diferentes.

Dois capítulos para reflexão: "Os dois pés de Oliveiras" sobre a crucificação de Jesus e " O homem e sua terra", o retorno a pátria amada.

Roberto Marcelo, paulistano, jornalista acredita na arte de contar histórias e vai sendo descoberto aos poucos com seus romances recheados de sentimentos e poesia. Estudou o antigo primário (hoje ensino fundamental) numa escola perdida em um morro da zona leste de São Paulo, conhecida como "Cortez". Infância humilde, filho de mãe analfabeta de alma nobre, porém tão sonhadora como ele próprio, que sempre lhe dizia: "meu filho estude!". Roberto não desistiu da arte de sonhar e tornar sonhos em realidade. O primeiro livro, "As Montanhas" o lançou no mercado editorial. Livro que apresenta na capa uma tela do pintor Cézanne. Parece que será o estilo do escritor, homenagear grandes pintores atráves de seus livros. O escritor amadureceu muito de um livro para o outro. A Penúltima Fronteira exigiu horas incontáveis de pesquisa e dedicação.

Segundo Alcione Araújo, romancista e dramaturgo, em seu texto Esquizofrenia na educação e cultura, "a tiragem média deu um romance no Brasil é de 3.000 exemplares, dos 186 milhões de habitantes, a educação - estudantes e professores do ensino fundamental ao doutorado - envolve 55 milhões que não usufruem a produção artística, os números revelamm enorme desinteresse pela arte. O país vive esquizofrênia fratura: uma educação sem cultura e uma criação artística sem público. A economia pode até crescer, mas cresce sem alma".

Roberto Marcelo pretende com seus romances ajudar a mudar esse quadro.

Rita de Cássia

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Corrupção a preço de banana. Alguém vai?





O que é mais comum ouvir nestes tempos é: “o governo é corrupto”. O titulo se refere ao estado em que o país vive, sua péssima distribuição de rendas, as escolas frágeis e sem estruturas ou propostas reais para melhorar a educação e, a lista não para por aí.

Mas será a culpa apenas do governo? Não, creio sim que a culpa é de todos nós, no Brasil todas as classes sociais são corruptas. Nas terras brasileiras boa parte do povo pratica a corrupção, somos apelidados de “o povo que leva vantagens”. Compramos produtos como DVDs, CDs, tênis, roupas, celulares, aparelhos eletrônicos, todos ilegais, pirateados ou sem notas fiscais e, após isso culpam o governo ou os políticos apenas de serem corruptos. Todos somos corruptos, o governo é apenas um espelho de sua sociedade, a corrupção começa em nossas casas, quando não ensinamos nossos filhos a serem cidadãos, por exemplo, a lerem literatura ou estudar, aprendendo a não jogar lixo nas ruas ou nos rios, respeitar o próximo, as autoridades e leis do país, estes são apenas alguns exemplos básicos.

Recordo-me de um caso do passado, quando o ex-jogador do time corintiano, o argentino Teves, teve seu carro chutado por torcedores ao sair do estádio do Morumbi, após uma péssima apresentação sua e da equipe. Pois bem, este mesmo torcedor que chutou o carro do jogador atacante, o filho não tem uma escola decente para estudar, nem merenda, livros ou cadernos para seu desenvolvimento cultural, e o cidadão é certo, deveria trocar o ingresso do futebol e investir na educação do filho, ou invés de protestar a favor do time, que fosse as ruas em favor da melhoria da escola do filho. Não sou contra o torcedor ir ao estádio de futebol, desde que sua casa esteja em ordem.

No ano passado estive no Canadá, um país desenvolvido, que possuí uma das melhores distribuição de rendas do mundo, onde a educação esta em primeiro lugar, pratica-se uma cultura escrita e o país é prospero. Ao fazer o check-in no aeroporto de Cumbica em São Paulo, com destino a Toronto, levei 3 horas e meia até que o avião decolasse, quando fiz o mesmo procedimento em Toronto, gastei apenas 15 minutos, incrível tudo funciona por lá. Em Toronto nas estações de metro das periferias não há catracas para os bilhetes e muitas vezes sem fiscais para o controle, o acesso do portão que leva aos trens é livre sem barreiras, mas os cidadãos apresentam o bilhete pago da passagem, mesmo estando sozinhos, demonstrando assim sua honestidade, aqui no Brasil o cidadão não denuncia a catraca quebrada, ele passa de graça todos os dias, até que alguém note o problema e o corrija.

As pessoas compram móveis novos e os velhos, como sofás, fogões ou geladeiras imprestáveis, são jogados nos rios ou córregos da cidade, é um absurdo. E a culpa é do governo? Precisamos avaliar melhor o caso. Creio que se hoje todos nós deixássemos de jogar lixo nas ruas das cidades, daqui a 50 anos começaríamos a ser um país desenvolvido. Somos Praticantes de uma cultura oral e de fácil esquecimento; temos que mudar isso, como?

È fundamental o incentivo à educação, ensinar nossos filhos desde pequenos a lerem, e ter bons modos de cidadania. Acredito que há mudanças em um país, quando mudamos para melhor os hábitos de nossa casa. Um país começa no lar, se há corrupção nos lares das famílias brasileiras, haverá no país inteiro. Neste período de eleições, dar prioridades para quem teve no passado ações para beneficiar a educação, é o correto, e para aqueles que apresentam em suas campanhas a importância do ensino nas escolas, é importantíssimo. O país depende de todos nós, ou você prefere continuar comprando corrupção a preço de banana como vem fazendo? Será lastimável, para o Brasil, para você e seus filhos, pode acreditar nisso.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Falta de tampas


Esta crônica, escrevi na época em que cursava, creio eu, o segundo ano do curso de jornalismo. O fato aconteceu em um bairro da periferia de São Paulo e decidi publicá-la aqui na integra, como segue.

Pode-se imaginar quantas tampas encontra-se por ai? Certamente um número consideravel grande, há uma diversidade de tampas por toda a cidade e, com infinitas utilidades.

Então vejamos, há tampas de remédios, para que não se estraguem, de panelas (as de pressão são as mais perigosas), tampas para alimentos, bebidas, tintas, colas e, a relação se perderia em uma lista interminável. Há quem diga que se uma pessoa esta só, poderá sossegar, pois é lógico que haverá uma tampa para ela também. Todas essas tampas citadas aqui, quando não encontradas em seus respectivos lugares, não terão um perigo grave, pois serão notadas com facilidade e, o erro percebido e corrigido.

Mas existem tampas que fazem falta, podendo causar um grave acidente, pondo em risco a vida de diversas pessoas. Umas destas tampas são as de bueiros, que protegem o cidadão, das águas fluviais e sujas, repletas de ratos, baratas, micróbios... Justamente a maior incidências de desaparecimento das tais tampas podem causar, por exemplo, um acidente de automóveis.

A coisa fica mais grave quando se trata de inocentes! No final do mês passado, alguém teve a infeliz idéia de furtar uma tampa de bueiro e, vendê-la para um receptor mais infeliz ainda, que não denunciou o caso a uma autoridade competente. Essa querida tampa descansava tranqüila em um gramado convidativo, que não demorou e, chamou uma criança a brincar ali, sem a tampa para protegê-lo, o menino caiu e desapareceu nas galerias de águas e esgotos da cidade.

A mãe e o pai, bombeiros, jornalistas, telespectadores e algumas autoridades, torciam pela frenética busca de encontrar a criança ainda com vida. Os dias se passaram e esta esperança foi aos poucos se perdendo, no local do acontecido, já substituíram a tampa arrancada pelos malvados cidadãos, se é que se pode classificá-los assim.

E a tampa que tiraram do bueiro, a quem venderam e, de que serviu? Bem certo que foi reciclada, tampa de bueiro não será mais, poderá transformar-se em arma de fogo, ou quem sabe em alguma peça para aviões de guerra, melhor seria que virasse estrutura de cadeiras de rodas, a algum deficiente, ou ainda, vergalhões, que sustentariam uma nova maternidade. O certo é que nada, em verdade nada, justifica o grande e principal erro.

O triste, é que a única tampa que encontraram neste caso, foi a 50 Km dali, era o corpo da criança e, o mais precioso e importante, o seu conteúdo, não estava mais ali. Sua alma que se perdeu ao ser aberta a tampa da vida, não mais podendo ser apreciada pelo mundo dos viventes.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Herdeiro Principe

Em junho passado, o príncipe herdeiro japonês Naruhito, em visita oficial ao Brasil, para as comemorações de aniversário da imigração japonesa no país, foi convidado a assistir na cidade de São Paulo a apresentação da Orquestra Sinfônica da cidade.

O acompanhavam no evento daquela noite o governador do estado José Serra, e o prefeito Kassab. Por ironia dos acontecimentos, naquele mesmo dia uma das escolas mais antigas de música de São Paulo, estava preste a fechar suas portas por falência e, deixando muitos aspirantes jovens a músicos desamparados. Assisti pelo telejornal a queixa de um dos alunos dizendo o seguinte:"trabalho na biblioteca da escola, organizando livros e, agora como vai ser?". O prédio estava desabando, havia ali um piano antigo e valioso, estragado pela péssima conservação, livros importantes de partituras e história da musica abandonados, o teto de uma das salas desabando e o governo ao meu ver, virou as costas para aquela relíquia toda.

Seria interessante se ao menos nosso governador ou o querido prefeito, também convidassem o ilustre futuro príncipe japonês, a fazer uma visita ao prédio danificado da escola e ouvir a uma apresentação dos alunos e suas queixas. Bem certo que Naruhito ao voltar para as terras do sol nascente, ainda em sua poltrona confortável no avião e sobrevoando o oceano Pacifico estaria a pensar na escola falida: " como são loucos estes brasileiros".