
Se partir
meu coração será estrábico
Andante, vai por aí a zunir
E tendo sorte
encontre um canto que lhe possam cerzir
Cerzido fica a cicatriz
e alguém ao ouvido que me diz: agir rapaz, agir!
Eu com olhares repondo: agir!
A quem hei de seduzir?
Mas a palavra falada tenta me acudir
diz ao receptor: deixe de me zurzir!
Já não basta a mulher amada que não quer meus dias vestir?
Quanta tristeza enfadonha neste ir
O verbo no imperativo de pensamentos gelados
tenta tudo a volta descolorir
Imagino uma camisa de forças ao corpo aderir
Porque afinal ela tinha que partir
As lágrimas e as chuvas frequentes a adir
Ir, ir, ir...
Não penso em outra coisa
se coisas servem ao intelecto para transmitir
uma maneira de este problema sucumbir
A solidão insana que tenta me iludir
Se não partisse para longe teria que admitir
Que me amas!
Assim na distância eu não teria que refletir
Aferir
uma esperança
espero-te na porta a vir
Tolice minha crer nos pincéis que querem este desejo colorir
o que machuca é esta indiferença que não quer sair
Da sua partida que não demora o seu por vir